18 melhores marchinhas de Carnaval antigas: letra, trama e curiosidades


Quando o Carnaval se aproxima, é hora de se lembrar das ótimas e velhas marchinhas - as canções de Carnaval que nunca saem de moda. Muitas delas foram escritas existe mais de 100 anos! Mesmo assim, elas continuam sendo cantadas pelas novas gerações com o mesmo frescor de antigamente. E então? Bora pular Carnaval?

1. Ô Abre Alas - Chiquinha Gonzaga

A marcha-rancho "Ô Abre Alas", composta em 1899 por Chiquinha Gonzaga, é tida a primeira marchinha de Carnaval da trama. Escrita para ser o hino carnavalesco do cordão Rosa de Ouro, do bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro, finalizou de transformando o hino por excelência do Carnaval brasileiro de todos os tempos.

Ô abre alas
Que eu quero passar
Ô abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar

Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro
É que vai ganhar

2. Mamãe Eu Quero - Vicente Paiva e Jararaca

Enorme fenômeno carnavalesco, "Mamãe Eu Quero", composta em 1937, rodou o mundo na voz de Carmen Miranda. Em ranking elaborado pela revista Conheça em 2011, aparece na 2ª colocação acesse as maiores marchinhas de todos os tempos.

Mamãe, eu quero, mamãe, eu quero
Mamãe, eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebê não chorar

Dorme, filhinho do meu coração
Pega a mamadeira e entra no cordão
Eu tenho uma irmã que se convoca Ana
De piscar o olho já ficou sem a pestana

Olho as pequenas, todavia daquele jeito
Tenho extremamente pena não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal

3. Aurora - Mário Lago e Roberto Roberti

Escrita no Carnaval de 1940, Aurora logo se tornou uma das marchinhas mais cantadas pelos foliões nos blocos e salões de todo o Brasil. Mário Lago costumava brincar que havia três mulheres na sua vida: sua esposa, "Amélia" (título de outra música de sua autoria) e "Aurora".

Se você fosse sincera
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era
Ô ô ô ô Aurora

Um bonito apartamento
Com porteiro e elevador
E ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Ô ô ô ô Aurora

4. Allah-Lá-Ô - Haroldo Lobo e Nássara

Fevereiro. Sol a pino. Multidão. Quem nunca se sentiu cruzando o deserto do Saara no meio de um bloco de Carnaval? Claro que o "sacrifício" é compensado pela alegria, pela canção e, se a reza for brava, por aquela chuva de verão de lavar a alma.

Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor ô ô ô ô ô ô

Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara

Viemos do Egito
E algumas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! Allah! Allah, meu bom Allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! Meu bom Allah!

5. Balancê - João de Barro e Alberto Ribeiro

João de Barro ou simplesmente Braguinha foi um dos maiores compositores de sambas e marchinhas da trama da MPB. São dele sucessos como "Yes, Nós Temos Banana", "Touradas em Madri", "Pirata da Perna de Pau" e "Chiquita Bacana". "Balancê", parceria com Alberto Ribeiro, estourou nos anos 80 na voz de Gal Costa e até hoje é presença necessária em quaisquer baile de Carnaval.

Ô balancê, balancê
Quero dançar com você
Entra na roda, morena, pra ver
Ô balancê, balancê

Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê, balancê

Você foi minha cartilha
Você foi meu ABC
E por isso eu sou a maior maravilha
No balancê, balancê

Eu levo a vida pensando
Pensando só em você
E o tempo passa e eu vou me acabando
No balancê, balancê

6. Me Dá Um Dinheiro Aí - Homero Ferreira, Glauco Ferreira e Ivan Ferreira

Sucesso absoluto do Carnaval de 1960, "Me Dá Um Dinheiro Aí", filmada em 1959 por Moacyr Franco, é até hoje uma das marchas mais adoradas dos foliões de todo o país. No ranking construído pela revista Conheça em 2011, ela aparece como a 6ª melhor marchinha de Carnaval de todos os tempos.

Ei, você aí
Me dá um dinheiro aí
Me dá um dinheiro aí!

Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai assistir a vasto confusão
Que eu vou efetuar bebendo até cair
Me dá, me dá, me dá, oi!
Me dá um dinheiro aí!

7. A Jardineira - Humberto Porto e Benedito Lacerda

Uma das músicas carnavalescas mais belas de todos os tempos agitou a folia em 1939 na voz de ninguém menos que Orlando Silva, "O Cantor das Multidões". Apesar da canção obter sido assinada por Porto e Lacerda, acredita-se que "A Jardineira" tenha surgido bem antes, no final do século XIX. O que os dois teriam realizado foi adaptá-la para marchinha.

Oh, jardineira, por que estás tão triste?
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que despencou do galho
Deu dois suspiros e após morreu
Foi a camélia que despencou do galho
Deu dois suspiros e após morreu

Vem, jardineira! Vem, meu amor!
Não fiques triste que esse mundo todo é teu
Tu és muita mais bonita
Que a camélia que morreu

8. Cachaça - Marinósio Filho, Lúcio de Castro, Heber Lobato e Mirabeau Pinheiro

"Cachaça" ("Se você pensa que cachaça é água") foi filmada pela primeira vez em 1946. Desde então, não tem um bloquinho de Carnaval que não a clique pelo menos uma vez no decorrer o desfile. Afinal, cachaça e Carnaval são velhas companheiras.

Você pensa que cachaça é água?
Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique
E água vem do ribeirão

Pode me faltar tudo na vida
Arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga
E tudo mais não faz ausência não

Pode me faltar o amor
(Disto eu até acho graça)
Só não quero que me falte
A danada da cachaça

9. Saca-Rolha - Zé da Zilda, Zilda do Zé e Waldir Machado

Mais uma ode à bebida nacional, "Saca-Rolha" foi filmada em 1954 pela dupla Zé da Zilda e Zilda do Zé, tornando-se um dos gigantes sucessos do Carnaval daquele ano. É a 5ª melhor marchinha de todos os tempos segundo ranking da revista Veja.

As águas vão rolar
Garrafa repleta eu não quero visualizar sobrar
Eu passo mão na saca, saca, saca rolha
E bebo até me afogar
Deixa as águas rolar

As águas vão rolar
Garrafa repleta eu não quero assistir sobrar
Eu passo mão na saca, saca, saca rolha
E bebo até me afogar

Se a polícia por isso me prender
Mas na última hora me soltar
Eu pego o saca, saca, saca rolha
Ninguém me agarra, ninguém me agarra

10. Chiquita Bacana - Alberto Ribeiro e João de Barro

Esta marcha de 1948 eternizou uma das personagens mais carnavalescas de toda a MPB: a Chiquita Bacana, aquela que "só faz o que manda o seu coração". Não podemos esquecer a referência realizada por Caetano Veloso no disco Varios Carnavais, de 1977, quando versou sobre a filha da Chiquita Bacana.

Chiquita Bacana lá da Martinica
Se veste com uma
Casca de banana nanica

Não usa vestido, não usa calção
Inverno pra ela é pleno verão
Existencialista (com toda razão!)
Só faz o que manda o seu coração

11. Máscara Negra - Zé Keti e Pereira Matos

Ah, os Carnavais do retrasado!... Essa marcha-rancho de 1967 é uma verídica crônica da folia de outros tempos. Os tempos dos cordões e dos bailes de máscaras. Joia rara da MPB na voz de uma das maiores cantoras da nossa trama: Dalva de Oliveira, a "Rainha da Voz".

Quanto riso, oh, quanta alegria!
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão

Foi bom te visualizar outra vez
Tá realizando um ano
Foi no Carnaval que passou
Eu sou aquele Pierrô
Que te abraçou e te beijou, meu amor

Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é Carnaval

Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é Carnaval

12. Ta-Hí (Pra Você Gostar de Mim) - Joubert de Carvalho

Essa marchinha tem muita trama. Foi com ela que Carmen Miranda se lançou para o estrelato, tornando-se a principal cantora brasileira da época e uma das maiores de todos os tempos. O disco foi um sucesso absoluto em 1930, batendo recordes de venda em todo o país.

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim
Ô, meu bem, não faz assim comigo não
Você tem, você tem que me dar seu coração

Meu amor, não posso esquecer
Se dá alegria faz também sofrer
A minha vida foi sempre assim
Só chorando as mágoas que não possui fim

Essa trama de gostar de alguém
Já é mania que as pessoas têm
Se me ajudasse Nosso Senhor
Eu não pensaria mais no amor

13. Bandeira Branca - Max Nunes e Laércio Alves

"Bandeira Branca" é aquele tradicional que não pode faltar no Carnaval. Filmada em 1970 por Dalva de Oliveira, a marchinha fala da saudade, sentimento capaz de nos efetuar esquecer de todas as desavenças e hastear a bandeira branca. Aliás, o Carnaval é uma boa hora para isso, não é mesmo?

Bandeira branca, amor
Não posso mais
Pela saudade
Que me invade
Eu peço paz

Saudade mal de amor, de amor
Saudade dor que dói demais
Vem, meu amor
Bandeira branca
Eu peço paz

14. Turma do Funil - Mirabeau Pinheiro, Milton de Oliveira e Urgel de Castro

Essa marchinha "etílica", composta em 1956, é uma das preferidas dos foliões. No ranking da revista de Confira, aparece como a melhor marchinha de todos os tempos, desbancando tradicionais como "Ô Abre Alas" e "Mamãe Eu Quero". Entretanto "Turma do Funil" também é um baita tradicional. Prova disso é a regravação realizada em 1980 pelo maestro Tom Jobim, acompanhado por Miúcha e Chico Buarque.

Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe, porém ninguém dorme no ponto
Ai, ai, ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles que ficam tontos

Eu bebo sem compromisso
É o meu dinheiro, ninguém tem nada com isso
Aonde houver garrafa, aonde houver barril
Presente está a turma do funil

15. Touradas em Madri - João de Barro e Alberto Ribeiro

Mais uma marchinha muita conhecido da dupla João de Barro e Alberto Ribeiro. Conta-se que no dia 13 de julho de 1950, na Copa do Mundo disputada no Brasil, mais de 150 mil vozes entoaram essa música no Maracanã no decorrer a goleada brasileira em cima dos espanhóis.

Eu fui às touradas em Madri
E quase não volto mais aqui
Pra visualizar Peri beijar Ceci.
Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse touro à unha.
Caramba! Caracoles! Sou do samba, não me amoles
Pro Brasil eu vou fugir!
Isto é entrevista mole para boi dormir!

16. Marcha da Cueca - Livardo Alves, Carlos Mendes e Sardinha

Marchinhas costumam ser bem-humoradas. Neste quesito, a "Marcha da Cueca" quem sabe seja insuperável. A letra curta e fácil facilita a memorização. árduo descobrir um brasileiro que não entenda pelo menos este refrão de cor e salteado!

Eu mato, eu mato
Quem roubou minha cueca
Pra realizar pano de prato

Minha cueca
Tava lavada
Foi um presente
Que eu ganhei da namorada

17. Transplante de Corintiano (Coração Corintiano) - Manoel Ferreira, Ruth Amaral e Gentil Júnior

Corintiano tem fama de sofredor. E não é à toa. Essa trama começou no decorrer o jejum de títulos que viveu o clube paulista acesse 1954 e 1977. O sofrimento era tanto que deu matriz à famosíssima marchinha "Transplante de Corintiano", que bombou no Carnaval de 1969 na voz de Silvio Santos.

Doutor, eu não me engano
Meu coração é corintiano

Doutor, eu não me engano
Meu coração é corintiano

Eu não sabia mais o que fazer
Troquei o coração cansado de sofrer!

Ah! Doutor, eu não me engano
Botaram outro coração corintiano!

18. Está Chegando a Hora - Henricão e Rubens Campos

Para encerrar, não podia faltar "Está Chegando a Hora", o belo samba que costuma fechar os trabalhos nos bloquinhos mais clássicos. Trata-se de uma adaptação de 1941 da famosa valsa mexicana "Cielito Lindo", de A. Sedos e F. Tudela.

Quem parte leva saudades de alguém
Que fica chorando de dor
Por isso eu não quero lembrar
Quando partiu meu extenso amor

Ai, ai, ai ai, ai ai ai
Está chegando a hora
O dia já vem raiando, meu bem
Eu tenho que ir embora

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